Voula Papachristou acredita que a decisão foi imposta de maneira rápida e radical
ATENAS — Depois de ser expulsa das Olimpíadas pelo Comitê Olímpico Grego por conta de comentários racistas no Twitter, a atleta do salto triplo Voula Papachristou falou pela primeira vez sobre o caso nesta quinta-feira. Em entrevista a Reuters, a grega se mostrou bastante contrariada com a punição.
— Eu não tenho dormido direito. Para ser honesta, ainda estou tentando entrar em acordo com o que aconteceu. Estou tentando manter a calma, senão eu iria perder o controle. Depois de tantos anos de sofrimento e sacrifícios para tentar conseguir ir a minha primeira Olimpíada, estou muito amarga e triste. Mas o que me chateou mais foi a reação excessiva e a velocidade da decisão disciplinar — afirmou.
A atleta, que era considerada uma das esperanças de medalha da Grécia em Londres, acredita que tenha servido de "bode espiatório" no caso da imigração no país. Para Papachristou, a decisão foi imposta de maneira radical.
— Eu não sei se eles querem me fazer como um exemplo. Isto é para os outros julgarem. O que acredito é que eles usaram seu poder disciplinar máximo para isso (expulsá-la da equipe). Eles foram direto para a fase final me excluindo da equipe de forma excessiva — disse.
Papachristou também não perdeu a oportunidade de criticar a estrutura dada aos atletas gregos. Segundo a triplista, os atletas do país não recebem qualquer ajuda governamental e sofrem com condições precárias nos treinamentos.
— Nós temos suporte zero do Estado. É uma área que as pessoas não ficam sabendo de muitas coisas, como as condições inaceitáveis que temos para treinar. Por exemplo, não há água quente nos chuveiros durante o inverno, ou ar condicionado durante o verão. E isso é só a ponta do iceberg, para não mencionarmos o lado financeiro e como nós somos afetados pelos sucessivos cortes de verbas no fundo voltado ao esporte — reclamou a atleta.
No Twitter, Voula Papachristou escreveu no twitter: "Com tantos africanos na Grécia, os mosquistos do Nilo Ocidental pelo menos vão comer comida caseira". A declaração repercutiu rapidamente pela rede social, e partidos políticos de esquerda exigiram a sua retirada da equipe olímpica grega. Horas depois o Comitê Olímpico Grego expulsou a atleta da delegação.
"Ela foi retirada da equipe olímpica por comentários contrários aos valores e ao pensamento do movimento olímpico", disse em nota oficial o comitê.
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