quarta-feira, 24 de abril de 2013

As Teorias do Currículo na perspectiva de Tomaz Tadeu da Silva e o “Currículo Prescrito”



 Francisco Thiago SIlva*

Ao se analisar o currículo, termo que para Lopes e Macedo (2011) aparece pela primeira vez em 1863, mas que somente a partir de 1900 com o início da industrialização americana e em 1920 com o movimento da Escola Nova no Brasil começam  os estudos teóricos do campo curricular.
                Para melhor conceituá-lo Silva (2011) acredita que seja possível fazer a análise a partir de três perspectivas, ou seja, a forma de se compreender o significado de currículo indica uma concepção teórica de educação que se tem: tradicional, crítica e pós-estruturalista ou pós-crítica.
Na perspectiva tradicional a ênfase está nos professores, que ensinam e os alunos aprendem, existe uma avaliação classificatória onde os objetivos, métodos e procedimentos são desenvolvidos pensados somente na obtenção de resultados, em ter uma "produção mais eficiente”.
Na teoria crítica, sustentada por autores marxistas, da Escola de Frankfurt e da Nova Sociologia da Educação, desloca-se a ênfase de conceitos pedagógicos de ensino e aprendizagem para conceitos como ideologia, reprodução cultural e social, poder, classe, capitalismo, relações sociais de produção, emancipação e libertação, aparece o currículo oculto como ações que acontecem na escola que não estão escritas, mas fazem parte do cotidiano como se fosse uma verdade prescrita
Para os pós-críticos ou pós-estruturalistas o currículo estará vinculado à questão de identidade, olhar o outro como parte que constitui o sujeito, alteridade, as questões das diferenças e subjetividade, cultura, as narrativas de gênero, raça, etnia, sexualidade, o multiculturalismo.
Dentro dessa perspectiva epistemológica, o conceito de Currículo Prescrito, precisa ser elucidado, na perspectiva de Sacristán (2000, p. 147): "[...] tem impacto importante para estabelecer e definir as grandes opções pedagógicas regula o campo de ação e tem como consequência o plano de um esquema de socialização profissional através da criação de mecanismos de alcance prolongado."
Neste texto não se pretende colocar uma posição contrária ao Currículo Prescrito, antes, entendemos que cabe ao Estado definir os conteúdos mínimos e válidos para seu sistema de ensino. Sem, no entanto, invizibilizar a atuação do professor. Tal atitude pode desencadear um desestímulo do profissional, que não percebe sua identidade na proposta curricular, e consequentemente a mesma não diz respeito à sua prática e ao desenvolvimento de seu trabalho.
É necessário, que se levante um questionamento central: o documento curricular é prescrito por quem? É importante haver prescrição e regulação com a participação do professor em toda a construção curricular, caso contrário a escolarização poderá deixar lacunas no processo de desenvolvimento da aquisição dos conteúdos mínimos que dificilmente serão sanadas quando o aluno não tem acesso aos bens culturais e conhecimentos construídos socialmente.
Sacristán (2000) defende que a competência profissional de desenvolver o currículo é uma das atribuições do professor e que “[...] o caráter inoperante das prescrições curriculares na definição da prática e a debilidade profissional dos professores farão com que essa distribuição seja desigual e favorável aos meios tradutores do currículo [...] a desprofissionalização dos docentes é inevitável." (ibidem, p. 154)
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[1] Texto adaptado do artigo: “Currículo prescrito e trabalho docente: desprofissionalização dos professores na educação do Distrito Federal.” (SILVA, Francisco Thiago; SILVA, Leda Regina Bittencourt, UnB). Apresentado no X Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curriculares e VI Colóquio Luso-Brasileiro de Currículo UFMG – Belo Horizonte, Brasil. Setembro de 2012

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