Francisco Thiago SIlva*
Ao se analisar o currículo,
termo que para Lopes e Macedo (2011) aparece pela primeira vez em 1863, mas que
somente a partir de 1900 com o início da industrialização americana e em 1920
com o movimento da Escola Nova no Brasil começam os estudos teóricos do campo curricular.
Para
melhor conceituá-lo Silva (2011) acredita que seja possível fazer a análise a
partir de três perspectivas, ou seja, a forma de se compreender o significado de
currículo indica uma concepção teórica de educação que se tem: tradicional, crítica e pós-estruturalista ou pós-crítica.
Na perspectiva tradicional a
ênfase está nos professores, que ensinam e os alunos aprendem, existe uma
avaliação classificatória onde os objetivos, métodos e procedimentos são
desenvolvidos pensados somente na obtenção de resultados, em ter uma
"produção mais eficiente”.
Na teoria crítica, sustentada
por autores marxistas, da Escola de Frankfurt e da Nova Sociologia da Educação,
desloca-se a ênfase de conceitos pedagógicos de ensino e aprendizagem para
conceitos como ideologia, reprodução cultural e social, poder, classe,
capitalismo, relações sociais de produção, emancipação e libertação, aparece o
currículo oculto como ações que acontecem na escola que não estão escritas, mas
fazem parte do cotidiano como se fosse uma verdade prescrita
Para os pós-críticos ou
pós-estruturalistas o currículo estará vinculado à questão de identidade, olhar
o outro como parte que constitui o sujeito, alteridade, as questões das
diferenças e subjetividade, cultura, as narrativas de gênero, raça, etnia,
sexualidade, o multiculturalismo.
Dentro dessa perspectiva
epistemológica, o conceito de Currículo Prescrito, precisa ser elucidado, na
perspectiva de Sacristán (2000, p. 147): "[...] tem impacto importante
para estabelecer e definir as grandes opções pedagógicas regula o campo de ação
e tem como consequência o plano de um esquema de socialização profissional
através da criação de mecanismos de alcance prolongado."
Neste texto não se pretende
colocar uma posição contrária ao Currículo Prescrito, antes, entendemos que
cabe ao Estado definir os conteúdos mínimos e válidos para seu sistema de
ensino. Sem, no entanto, invizibilizar a atuação do professor. Tal atitude pode
desencadear um desestímulo do profissional, que não percebe sua identidade na
proposta curricular, e consequentemente a mesma não diz respeito à sua prática
e ao desenvolvimento de seu trabalho.
É necessário, que se levante um
questionamento central: o documento curricular é prescrito por quem? É
importante haver prescrição e regulação com a participação do professor em toda
a construção curricular, caso contrário a escolarização poderá deixar lacunas
no processo de desenvolvimento da aquisição dos conteúdos mínimos que
dificilmente serão sanadas quando o aluno não tem acesso aos bens culturais e
conhecimentos construídos socialmente.
Sacristán (2000) defende que a
competência profissional de desenvolver o currículo é uma das atribuições do professor
e que “[...] o caráter inoperante das prescrições curriculares na definição da
prática e a debilidade profissional dos professores farão com que essa
distribuição seja desigual e favorável aos meios tradutores do currículo [...]
a desprofissionalização dos docentes é inevitável." (ibidem, p. 154)
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[1] Texto
adaptado do artigo: “Currículo prescrito e trabalho docente:
desprofissionalização dos professores na educação do Distrito Federal.” (SILVA,
Francisco Thiago; SILVA, Leda Regina Bittencourt, UnB). Apresentado no X
Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curriculares e VI Colóquio
Luso-Brasileiro de Currículo UFMG – Belo Horizonte, Brasil. Setembro de 2012
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