segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Caso de racismo provoca polêmica

"Eu me senti envergonhado como cidadão brasileiro, como ser humano e também como educador por fazer parte da mesma sociedade de uma pessoa capaz de algo tão impressionante", diz o sociólogo Afonso Pola, ao ser questionado sobre o caso da aposentada Sandra Aparecida dos Santos, 58 anos, que alega ter sido vítima de injúria racial.

De acordo Sandra, que registrou Boletim de Ocorrência (B.O.) no 1º Distrito Policial, a professora Iracema Cristina Nakano, de 53 anos, teria alegado que o carro da aposentada era seu e que havia sido furtado há quatro meses.

Apesar das negativas de Sandra, Iracema teria insistido que o carro era dela e dito que "preto para ter um carro assim, só se for roubado". A frase teria sido ouvida pelo marido da aposentada, um policial militar e por mais uma testemunha.

Hoje em dia, na sociedade, conforme explica Afonso, ninguém mais pode alegar qualquer tipo de ignorância em relação a essa questão de diversidade e sobre o respeito que devemos ter com aqueles que são diversos. "Qualquer ser humano que tem uma ação desta deve ser condenado com veemência", aponta.

Apesar de considerar "abominável" a atitude da professora, o sociólogo reconhece que o racismo ainda existe. "Mas é algo que tem de ser combativo cotidianamente. Nós pudemos ver com a divulgação dos dados parciais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que pessoas de diferentes raças, ocupando posições equivalentes, ganham salários diferentes. A gente sabe que existe, mas que tem sido combatido por meio de campanhas públicas", completa.

A própria vítima contou à reportagem que "algum tipo de racismo embutido ainda existe e a gente convive com isso todos os dias, mas este nível de agressão é a primeira vez que eu sofro".

O vereador Geraldo Tomaz Augusto (PMDB) fala que em Mogi das Cruzes tem aumentado os relatos de negros que sofreram algum tipo de discriminação. "Principalmente ao procurar um emprego, como o de recepcionista. Já ouvi diversas vezes a pessoa, que é negra, dizer que foi informada que a vaga estava preenchida só por conta da cor", afirma.

Geraldo, que é advogado, diz que deve procurar a aposentada para representá-la em um processo criminal. "Creio que o próprio delegado que atendeu o caso irá abrir um inquérito, mas se isso não acontecer, vou pessoalmente ao Ministério Público", promete.

Já o presidente da 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marco Soares, classificou a atitude como "odiosa". "Se houver comprovação do crime, a professora terá que ser devidamente punida", alerta.

Iracema Nakano foi procurada pela reportagem, mas o telefone que consta no B.O. não completa a ligação e a linha relacionada ao endereço da professora só chamava.

Fonte: Diário de Mogi
site: http://www.ceerte.org.br/

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